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ACS está preocupada com exposição de militares ao contágio do novo coronavírus

Em todas as emergências sociais e públicas a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiro Militar são as primeiras instituições do Estado a serem chamadas para defender a sociedade de algum perigo real e imediato ou para salvar vidas humanas. Ao longo da história somos o escudo da população diante do perigo ou de uma grave ameaça. Aqui em Goiás temos um exemplo concreto, como o acidente com o Césio 137, ocorrido em setembro de 1987.

Naquela ocasião também de contágio em larga escala os militares foram os primeiros a serem chamados para fazer bloqueios, isolamentos e, ainda sem saber que se tratava de um dos maiores acidentes radioativos do mundo com a substância nuclear, mantiveram contato direto com os contaminados e objetos também com fragmentos do Césio 137. A consequência disso todos nós temos pleno conhecimento. Muitos irmãos de farda foram também contaminados. Uns morreram e centenas até hoje carregam consigo as sequelas em lidar com o desconhecido.

No momento atual enfrentamos a pandemia do novo coronavírus que chegou com força ao Brasil e em Goiás. Mais uma vez os policiais e bombeiros militares foram escalados pelo governador do Estado para serem os guardiões da sociedade e fazer cumprir as medidas de isolamento social para interromper a cadeia de transmissão da Covid-19. Desde a edição dos primeiros decretos somos os responsáveis em fazer cumprir as medidas. Porém como presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Estado de Goiás, tenho a obrigação e o dever de chamar a atenção das autoridades para os riscos a que nossos irmãos de farda estão sendo submetidos.

Estamos mais uma vez, e até por dever de nossa profissão, cuidando das pessoas. Mas fica a pergunta sobre quem vai cuidar de nós. “O governador precisa entender que nós também somos gente, seres humanos. Dentro de cada farda tem um pai de família, um tio, um avô ou uma avó. Mesmo sabendo que temos que cumprir nosso dever nós militares precisamos que o Estado nos defenda e nos proteja. Não é aceitável que todas as responsabilidades sejam descarregadas nos ombros dos integrantes da segurança pública”.

No dia-a-dia desde que as medidas de isolamento social começaram a ser implantadas temos uma exposição diária aos riscos de contágio do novo coronavírus por estarmos em contato direto com a população. Nós não vamos fugir da nossa obrigação, porém precisamos de mais apoio e proteção individual para que de novo não sejamos vítimas daquilo que arduamente combatemos em defesa da sociedade. Precisamos que o governador e o secretário de segurança pública revejam escalas, liberem do trabalho externo aqueles que integram os grupos de riscos, como idosos, e que a responsabilidade pela solução desse grave momento de saúde seja dividida com outras categorias do serviço público estadual.

Gilberto Cândido de Lima
Presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Estado de Goiás
Goiânia, março de 2020

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